A marca seria concedida às entidades que realizam relevantes serviços à sociedade, como forma de reconhecimento
Durante o evento de confraternização das famílias atendidas pelo Centro de Apoio, Desenvolvimento e Qualificação (Cadeq) - que ocorreu nesta segunda-feira (10) no Centro de Referência do Idoso da Vila Santa Rosa, em Cubatão - foi sugerida a criação de um selo especial para as entidades que prestam assistência à sociedade, como forma de reconhecimento aos relevantes serviços que elas desenvolvem na Cidade.
A sugestão partiu do secretário de Finanças de Cubatão, Genaldo dos Santos, durante sua fala como representante do Poder Executivo cubatense. Para justificar sua sugestão, ele destacou a abnegação com que os membros do Cadeq se dedicam à ajuda para os dependentes químicos e seus familiares em qualquer horário do dia ou da noite.
Também discursou no evento o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Alessandro Oliveira, que lembrou a importância das parcerias realizadas entre o Cadeq e outras entidades e órgãos, principalmente do Poder Executivo, para o sucesso dos serviços prestados aos dependentes e seus familiares. Lembrou ainda que a família é a base para o sucesso no tratamento da doença da adicção.
Depoimentos - Representando as famílias, Marisa Couto relembrou o sentimento de tristeza e desamparo que sentia, quando lidava com a dependência química do marido, antes de conhecer o Cadeq. Participando do grupo de famílias, aprendeu a lidar com sua codependência, que é o transtorno de dependência psicológica em que se deixa de viver a própria vida para viver a de outra pessoa. Marisa destacou a importância de nunca abandonar as reuniões, mesmo que o dependente químico entre em recuperação e abandone o vício. Isto é importante para que as famílias há mais tempo no programa possam passar suas experiências às que estão chegando.
Um momento emocionante do evento foi quando Célio Lopes, um dos idealizadores do Cadeq, falou sobre a fundação da entidade. Célio contou que, após iniciar sua recuperação, foi convidado por um companheiro de clínica para dar uma palestra para alunos de Serra Negra. Decidiu levar outros companheiros e, com o sucesso da palestra, no retorno para Cubatão, sugeriu a criação de uma entidade que lidasse com a questão das drogas e ajudasse na recuperação de dependentes químicos. Célio falou da dedicação que os membros do Cadeq,- tanto os atuais quanto outros que já passaram pela instituição – demonstraram, dedicando a própria vida para ajudar ao próximo, muitas vezes abdicando do convívio familiar.
Parceria - Durante sua mensagem, a delegada Mayla Hadid, falou sobre a importância da parceria desta instituição com o programa desenvolvido pela Delegacia de Defesa da Mulher de Cubatão, “Homem sim, consciente também”, que trata da conscientização sobre a violência contra a mulher. Lembrou que as drogas podem potencializar os casos deste tipo de violência e o trabalho do Cadeq ajuda a conscientizar as pessoas que são atendidas pelo projeto da Polícia Civil.
O diretor-presidente do Cadeq, Severino Correia (Sivuca), destacou as condições com que as famílias chegam à entidade, totalmente fragilizadas, sendo julgadas pela sociedade e com um enorme sentimento de culpa. O Cadeq realiza o acolhimento destas famílias e as capacitam a lidar com a questão da codependência, procurando fortalecer a autoestima e acabar com o sentimento de culpa destas pessoas para que, depois de fortalecidas, possam efetivamente ajudar seu familiar com problemas.
Sivuca também falou sobre a transversalidade da atuação do Cadeq, em parceria com outras entidades e órgãos de diversas áreas, como Educação, Saúde, Assistência Social e Segurança. Também destacou a importância de divulgar histórias de vida de dependentes químicos que venceram o vício e hoje são pessoas produtivas da sociedade. Isto é importante para que elas nunca desistam e acreditem que o dependente químico pode vencer a doença.
Felicidade - A parte principal da noite foi a palestra do psicólogo clínico Eustázio Filho, que falou sobre a felicidade e sua relação com as escolhas que fazemos ao longo do tempo. Segundo o psicólogo, não existe o ser humano perfeito, mas não podemos deixar de buscar nossa evolução como pessoas. Isto está intimamente ligado às “grandes escolhas”, as escolhas positivas que fazemos ao longo do tempo para preencher nossas vidas. Desta forma, quando priorizamos as escolhas positivas, não sobra espaço às escolhas menores, menos importantes e, em alguns casos, danosas para nossas vidas.
Contudo, ele destacou que mesmo os erros podem ser positivos, quando aprendemos com eles e não repetimos ações que se mostraram equivocadas. A família também tem papel fundamental nesta busca pela felicidade, apontando e apoiando as escolhas corretas. Para que isso ocorra de forma positiva é preciso o diálogo franco e o estabelecimento de regras que devem ser seguidas por todos. Isto vai proporcionar a maturidade para que o indivíduo faça as escolhas corretas.
Após a palestra de Eustázio, a assistente social do Cadeq, Odete do Carmo, realizou um breve resumo das ações da entidade durante o ano e os números envolvidos nestas ações. A apresentação pode ser vista aqui.
O momento espiritual da noite foi conduzido pelo religioso Marcelo Mendonça, que também falou sobre como nossas escolhas conduzem nosso destino. Segundo Marcelo, “nós somos aquilo que determinamos ser”. Esta determinação é importante para superarmos os obstáculos que surgem em nossas vidas.
Após agradecer a presença das autoridades, dos representantes de entidades e das famílias, o presidente do Cadeq encerrou a parte oficial do evento com a Oração da Serenidade, que é feita em reuniões de grupos de narcóticos e alcoólicos anônimos e nos grupos de codependentes. Ao final, foi aberto um bufê para os participantes.
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